SOUNDX

180

Vampire Weekend: Contra

Lançado em 2010, Contra, o segundo disco de Vampire Weekend, possui muita nostalgia, lembranças e memórias que preenchem o ambiente com doces momentos para serem eternizados. A faixa que abre o material, “Horchata”, já indica isso. Bateria, baixo, guitarra e teclado são os principais instrumentos desse registro, que se direciona para o indie rock e pop, além dos  momentos em que o ska toma as rédeas, como “Holiday” e “Diplomat’s Son”. Toda essa instrumentação cria um conjunto melódico cativante. As músicas esbanjam leveza de modo que a sensação a ser extraída é de um entardecer de verão solicito. Contra, o sucessor do álbum de estreia, Vampire Weekend, de 2008, é uma entrega similar à explorada no primeiro registro da banda, estendendo os acertos daquele. A evidente tentativa de fuga da realidade aborrecedora, como a evasão de rotina proclamada em “Run”, sintetiza a ideia de um disco convidativo cuja composição sonora agrada instantaneamente. — Gustavo Rubik.

179

Mitski: LUSH

É inconcebível falar da cena indie dos anos 2010 sem mencionar Mitski. Ainda que seu pico de fama tenha se dado próximo ao final da década — com o lançamento de Be The Cowboy em 2018 —, sua maturidade e sensibilidade para escrever sobre temas extremamente intrínsecos e femininos já eram dignas de atenção desde o início de sua carreira. Em Lush, seu álbum de estreia, a lírica poética é permeada por arranjos enevoados que constroem um ambiente íntimo e relacionável, no qual a cantora entrega performances altamente expressivas ao passo que externaliza, com uma sinceridade admirável, suas inseguranças e aflições. É um registro simples, porém bastante revelador. — Marcelo Henrique. 

178

Hannah Diamond: Reflections

Hannah Diamond estreou em 2013 com seu single “Pink and Blue”, destacando-se por ser uma das poucas identidades do hyperpop que revelaram o seu rosto. Embora Hannah tenha uma trajetória com poucos lançamentos avulsos, tendo seu primeiro álbum lançado apenas em 2019 — que, ainda, conta com músicas disponibilizadas anos antes —, Reflections é um ponto fora da curva na música pop. Com ele, Diamond manteve-se firme às raízes do hyperpop: faixas pop-eletrônicas, com influências do bubblegum bass, que abusam do autotune para desnaturar as qualidades da voz crua; em resposta, portanto, à tendência que surgia no final dos anos 2010, principalmente com a dupla 100 gecs, de misturar a isso elementos do rock e industrial. O álbum, que conta com “Fade Away”, capta as emoções amorfas do ser feminino e as transporta para uma dimensão alternativa onde a realidade não é sofrível, mas apenas um amontoado de zeros e uns. — Kaique Veloso

177

Death Grips: Exmilitary

Há doze anos, Exmilitary, mixtape de estreia de Death Grips, apresentava ao mundo o som feio e alto do grupo, e até hoje, se mantém sendo um de seus melhores projetos. As letras do vocalista MC Ride, que refletem, de maneira nua e crua, o lado sujo e perverso da nossa sociedade, são tão desequilibradas e animalescas quanto sua (típica) performance. Tudo isso, somado aos instrumentais, que são tão pesados ​​quanto o soco mais forte que você pode levar na cara, torna Exmilitary uma experiência quase que primitiva e um dos projetos mais abrasivos que a década passada teve para oferecer. — Matheus Henrique

176

THE CARTERS: EVERYTHING IS LOVE

De um dos casais mais impactantes da história dentro da indústria fonográfica, o projeto colaborativo de Beyoncé e Jay-Z, EVERYTHING IS LOVE, é a síntese de tudo que vivenciaram até aquele momento, tanto artisticamente quanto na esfera pessoal. Lançado após um período turbulento por trás das câmeras, o trabalho também funciona como o ato final de uma trilogia iniciada por Lemonade, sexto disco da cantora, e continuada no ano seguinte em 4:44, décimo terceiro álbum do rapper. 

O registro, fortemente influenciado pelo hip-hop e pelo R&B estadunidense, reafirma a versatilidade artística de Beyoncé, aprofundando ramificações que já vinham sendo exploradas pela cantora em seus lançamentos anteriores. Ademais, é também a celebração do legado que o casal construiu, que vão das conquistas profissionais à superação de uma crise turbulenta no casamento dos dois, que influenciou consideravelmente o material artístico de ambos. EVERYTHING IS LOVE pode até não ser o registro favorito dos fãs de Beyoncé ou de Jay-Z, mas sua importância para a carreira de ambos é incontestável.  — Lucas Souza

175

Sampha: Process

Mesmo que tudo ao seu redor desmoronasse, o piano sempre esteve ao lado de Sampha como um companheiro fiel. A saúde frágil o ronda desde a infância: ele perdeu seu pai e sua mãe para o câncer em momentos diferentes da vida e, durante uma turnê, descobriu e enfrentou um nó na garganta. Nesse caso, o temor pela falta de vitalidade passam de meros medos irracionais e se tornam parte integral de quem somos. Depois de colaborar com nomes como Drake e Solange, ele estava disposto a mergulhar nessas questões no seu primeiro álbum de estúdio. Process é de uma inquietude sem tamanho: ele é meditativo, sublime… mas pesa. Há tensão por onde você vá, mesmo que haja melodias tão relaxantes ou consiga ouvir as gaivotas ao fundo de “Kora Sings”. Ele pode avaliar a sua própria mortalidade em “Plastic 100ºC” e se sufocar ao tentar esquecer uma pessoa amada em “Under”, mas o piano sempre estará lá como porto seguro, como relata na autoexplicativa “(No One Knows Me) Like the Piano”. É, acima de tudo, um trabalho imperativo em como desnudar as facetas da fragilidade humana. — Felipe Ferreira

174

Freddie Gibbs & Madlib: Piñata

Piñata é o projeto colaborativo mais emblemático e memorável do rapper Freddie Gibbs e do produtor Madlib — também conhecido como MadGibbs. Nesse disco, estão localizadas várias das faixas mais impressionantes e fenomenais da cena do hip-hop da década de 2010, com alguns dos artistas mais influentes do gênero naquela época, como Danny Brown (em “High”) e Earl Sweatshirt (em “Robes”, juntamente ao Domo Genesis). A performance afiada e única de Freddie se mantém impecável ao longo de toda a duração do disco. Com seu lirismo facilmente identificável e sua grande personalidade, o artista tranquilamente consegue dar conta do enorme poder e força das produções de seu colega, que constam com vários momentos sublimes e uma diversidade impressionante de influências musicais. — Bruno do Nascimento.

173

Criolo: Espiral de Ilusão

O samba, que sempre fez parte da essência de Criolo, é predominante em Espiral de Ilusão, álbum lançado pelo cantor e rapper paulistano em 2017. Afastando-se do hip—hop, a escolha pode ser considerada ousada, porém é coerente tanto com as referências do artista, quanto para falar de Brasil. A mesma assertividade presente no rap é vista na obra, mas dessa vez imersa a um gênero inerente à cultura popular do país tal qual nenhum outro. 

Trata-se de um material reflexivo que discorre sobre temas que vão da política brasileira à desigualdade social, utilizando o samba como forma de ecoar questionamentos sobre um país comandado por homens brancos, engravatados, intolerantes e corruptos. Nesse sentido, o principal acerto da obra é não se limitar a ser uma mera revisitação do gênero, refém das grandes referências que certamente foram essenciais para a construção do disco. O DNA de Criolo, o mesmo artista por trás do impecável Nó na Orelha, está bem aqui, de um jeito diferente, mas tão genial quanto. — Lucas Souza 

172

Destroyer: Kaputt

A banda de longa data Destroyer tem, em Kaputt, um disco completo com bom uso das suas escolhas instrumentais. Caminhando dentro do sophisti-pop, a síntese jazz, soul e pop, um dos pontos altos do registro se dá pela utilização dos riffs de guitarra, como o solo de “Savage Night At The Opera” e “Poor In Love”. Mas a banda não se prende unicamente ao instrumental desse tipo aqui ou ali. Há uma grande união de elementos diversos, como “Suicide Demo For Kara Walker”, que abstrai bastante desse talento. A canção parte de um início misterioso com acordes de guitarra, em seguida preenchido com um belíssimo clarinete que adiante ganha uma virada de bateria e baixo com a intercalação de piano e saxofone. Tem muita coisa acontecendo, mas tudo é muito bem dosado e adicionado, tornando o registro sonoro desse álbum riquíssimo. “Bay Of Pigs” é o encerramento perfeito, um momento repleto de texturas, camadas eletrônicas, graças a sofisticados sintetizadores, e uma transformação ambiente ao longo de 11 minutos que nunca se cansa de mostrar criatividade. — Gustavo Rubik.

171

Big Thief: Capacity

A discografia do Big Thief começa com Masterpiece, um nome ambicioso para um disco simplório. Mas essa falta de ambição parece ter mudado. Ao nomear o álbum seguinte Capacity, a cantora e compositora Adrianne Lenker, o guitarrista Buck Meek, o baterista James Krivchenia e o baixista Max Oleartchik se viram no poder de ir além, tornando cada registro posterior o mais próximo possível de ser uma verdadeira obra-prima. Este, em questão, pode ser considerado o mais importante da banda, pois foi o ponto de partida para os — incríveis — que o sucederam.

Uma das características distintivas da escrita de Lenker aqui é o uso de nomes para compartilhar assuntos e proporcionar enriquecimento. Em Masterpiece, tínhamos Paul e Lorraine, aqui temos Matthew, Andrew, Evelyn, Haley e Mary. O último é o título do turbilhão de abstração de imagens em um piano instrumental calmo, vindo como uma oração que você também deseja recitar. Capacity é, de fato, um disco calmo e moderado, como “Pretty Things” já introduz, e “Coma” vem para confirmar. Isso faz com que músicas vívidas e brilhantes, como a jornada que parece ter saído de um filme “Shark Smile”, sejam um destaque imediato.

Capacity também é o álbum em que a narrativa de Adrianne Lenker está no seu melhor. Pegue a peça central do álbum, “Mythological Beauty”, onde Lenker compartilha um evento sério que quase a matou quando criança: “You held me in the backseat with a dishrag, soaking up blood with your eyes/ I was just five and you were twenty-seven / Praying ‘don’t let my baby die”. Um vislumbre de narrativas de realidade, intimidade e violência que estariam presentes em letras futuras como as do “Two Hands”.

Como efeito, Capacity foi o álbum que mostrou que todos os integrantes são importantes para a construção das canções. Big Thief pode ser definida por muitos como a melhor banda de folk-rock da última meia década, mas o que realmente impressiona é a mágica por trás de como eles, através da voz e da mensagem de Lenker, fazem sons e murmúrios para si mesmos em uma pequena sala, e isso é transmitido para o ouvinte da mesma forma: cantando e tocando calmamente em nossos ouvidos, como se estivessem nos nossos próprios quartos. — Eduardo Costa

170

black midi: Schlagenheim

No cenário do rock experimental, black midi talvez seja a banda mais inventiva e promissora que surgiu nos últimos dez anos. O grupo debutou em 2018 e rapidamente atingiu um nível de apreço gigantesco no meio alternativo com o lançamento de seu primeiro disco. Parte do que faz deles tão adorados é sua autêntica forma de explorar diferentes vertentes do gênero em canções que mais se parecem odisseias, devido às construções meticulosamente arquitetadas e ao dinamismo que se faz presente em cada uma delas — e isso é feito de forma excepcional em Schlagenheim, um registro explosivo em todos os sentidos. Em particular, “Western” e “Of Schlagenheim” são mesclas geniais de sonoridades bastante distintas, como o country e o jazz, respectivamente, mas que se encaixam muito bem em meio às guitarras agressivas e à bateria frenética, elementos esses que já se tornaram marca registrada da banda — e por um bom motivo. — Marcelo Henrique

169

Vince Staples: Big Fish Theory

 Big Fish Theory é um dos álbuns internacionais mais aventureiros e auspiciosos da década passada. Sobre a obra, Vince Staples revela tê-la baseado num ditado popular americano: “Big fish, small pond”. Com essa referência posta no título, o musicista quis dizer que a temática do projeto gira em torno de se tornar uma figura importante dentro de um grupo específico, conquanto insignificante fora dele. E, para dar vida a essa ideia, Vince cria uma produção diferente do habitual — de música eletrônica e UK bass, bastante inspirado no hip-hop e experimental (com parcerias da lendária produtora musical SOPHIE, de Flume, Kendrick Lamar, Bon Iver e outros) —, muitíssima interessante e rica de detalhes. — Bruno do Nascimento

168

Nails: Unsilent Death

Com apenas 13 minutos, Nails criou um dos projetos mais agressivos e brutais da última década. Em Unsilent Death, tanto os vocais, quanto os riffs de guitarra, as linhas de baixo e a bateria, passam ao ouvinte a sensação de estar sendo impiedosamente socado. Se você gostaria de escutar um álbum tão pesado quanto cem blocos de tijolo, já sabe onde recorrer. — Matheus Henrique

167

f(x): Pink Tape

Lembrado com saudosismo por muitos fãs de longa data de k-pop, o segundo álbum de estúdio do f(x) é um dos magnum opus definitivos do gênero. Em relação à sonoridade, o tema lírico é o amor e a produção eclética mistura diversos elementos de música eletrônica, representados pela vibe caótica dos sintetizadores agressivos de “Kick” e a epifania apaixonante de “Airplane”, que simula a decolagem de um avião. As performances vocais e linhas de rap também são muito bem trabalhadas, como o refrão aberto e contagiante de “Signal” e o flow e lírica de Amber Liu em “Pretty Girl”. Porém, o que torna o álbum mais interessante é a interpolação do tema do amor com aspectos brincalhões que beiram a estranheza, seja nos efeitos sonoros ou nas narrativas das três primeiras faixas. “Rum Pum Pum Pum” é a síntese de todas essas variáveis: comparando o primeiro amor com dente do siso, o carro-chefe do registro flexiona os sintetizadores com instrumentos orgânicos, como bateria, tambor e baixo, e a ponte traz uma combinação inesperada de música natalina com samba carioca.

Além disso, Pink Tape causou uma revolução estética no k-pop. Seu Art Film, divulgado dias antes do lançamento oficial, é introduzido pelo monólogo de Krystal sobre o amor e, logo em seguida, é acompanhado por cenas instigantes das integrantes interagindo com objetos lúdicos e referenciando obras de arte, em meio a projeções de slides. Capturadas em filme 8mm, as imagens se traduziram em granulação, estilo retrô e construção de uma atmosfera onírica. O nome do projeto também se materializa, já que o álbum é comercializado como um filme cult de romance e tem o formato de uma fita cassete — e, dessa maneira, ele se torna o marco zero do novo modelo de design de produto do gênero, que passa a produzir álbuns físicos coloridos e vibrantes, investindo criatividade nas suas texturas, formatos e elementos gráficos. Mais do que um disco excelente e bem amarrado, Pink Tape é parte essencial da história multifacetada de música pop sul-coreana. — BOWII e Felipe Ferreira

166

Swans: The Seer

The Seer é o primeiro LP da trilogia que Swans lançou no decorrer da década passada e é, também, de longe, o mais sombrio. O ambicioso álbum da banda comandada por Michael Gira apresenta vários conceitos sonoros que o grupo viria a explorar nos seus dois projetos seguintes, To Be Kind e The Glowing Man: extensas e progressivas canções, com grooves repetitivos e pesados, que podem passar a sensação de ter um martelo batendo, incessantemente, na cabeça de quem estiver ouvindo. Mas, diferente dos outros discos, The Seer contém uma sonoridade muito mais variada, que vai desde pesadas e longas músicas de post-rock e rock experimental, como a faixa título de trinta e dois minutos, até suaves e belíssimas baladas com toques de neo-folk, como é o caso de “Song For A Warrior”. No geral, a atmosfera do álbum soa bem mais gótica, conceitual e intimista, como se a banda estivesse convidando o ouvinte para algum tipo de ritual religioso no meio de uma floresta, com uma fogueira no meio. Convidativo? Não muito. Intrigante? Com certeza. — Matheus Henrique

165

Racionais MCs: Cores e Valores

Cores e Valores é uma manifestação artística poderosa que continua a deixar um impacto significativo na cultura musical e social do Brasil. Como um dos grupos mais influentes do rap nacional, Racionais MC’s não mede esforços e entrega um álbum que reflete a essência crítica e reflexiva de sua música. Suas letras profundas e contundentes abordam questões sociais, raciais e políticas com uma honestidade brutal. As músicas exploram as complexidades da vida nas periferias urbanas do Brasil, dando voz às vozes marginalizadas e trazendo à tona temas como a violência, desigualdade, discriminação e a busca por justiça. — Brinatti

164

M.I.A: Matangi

Lançado em 2013, Matangi é um álbum que marca um importante ponto na discografia da talentosa artista M.I.A. Com melodias excêntricas nunca antes ouvidas no mundo pop e vocais mais elegantes e cativantes, esse projeto é uma verdadeira reflexão do estilo único e inovador da cantora. O projeto traz consigo uma série de temas relacionados ao hinduísmo, como reencarnação e karma, presentes nas letras das músicas, que combinam estilos ocidentais e orientais. A fusão desses elementos cria um som distinto, que desafia as convenções musicais tradicionais e oferece uma experiência sonora enriquecedora aos ouvintes. Além disso, o álbum também aborda questões sociais e políticas, evidenciando a habilidade da compositora em mesclar mensagens contundentes com uma sonoridade viciante. Suas letras exploram tópicos como desigualdade, violência e opressão, trazendo à tona uma consciência crítica e provocativa. O álbum destaca-se, então, por sua produção inventiva e por sua habilidade em incorporar uma ampla gama de influências musicais, desde o hip-hop até os ritmos indianos, passando pelo eletrônico e pela música tradicional. ー Gerson Monteiro

163

MGMT: Little Dark Age

Cinco anos após o disco homônimo, MGMT se desprende das vertentes rock com Little Dark Age e entrega uma deliciosa psicodelia pop da década de 1980. No quarto registro da dupla, predomina o uso de sintetizadores com a junção de bateria e baixo para criar uma atmosfera convidativa e dançante. Músicas que lembram uma velha guarda, como “Me And Michael”, agraciam o álbum que demonstra a potencialidade de Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser em se aventurarem num som pop. O conteúdo sonoro nostálgico vem como um abraço para os apreciadores de uma década em que sintetizadores eram requisito principal e que, por sorte, vem sendo revisitado, especialmente de 2015 em diante. MGMT não se ausenta desse resgate. Perpassando pelo cansaço humano e suas relações líquidas com “She Works Out Too Much” e possuindo momentos visivelmente depressivos como em “One Thing Left to Try”, a dupla mascara o liricismo angustiado com a sonoridade contagiante. — Gustavo Rubik.

162

Lana Del Rey: Born To Die

Born To Die não foi somente um álbum importantíssimo na carreira de Lana Del Rey, responsável por inseri-la no mainstream, mas também o precursor de uma estética a ser consumida e reproduzida: marcada por referências vintages que remetem aos astros de Hollywood, em contraste com a imagem de uma cantora contemporânea inserida em uma melancolia altamente romântica e autodestrutiva. Lana conseguiu executar essa ideia fundindo em sua sonoridade elementos cinemáticos, vocais sucintos e batidas de hip-hop — testemunhávamos, a partir daqui, o surgimento de algo completamente novo e influente para o cenário pop do começo da década de 2010. — Gabriel Becker

161

KAYTRANADA: 99.9%

Quando falamos da música mainstream dos anos 2010, é comum pensarmos no dance-pop e EDM que foram popularizados por atos como Katy Perry, The Chainsmokers e Justin Bieber. Porém, do meio pro final da década, o cenário pop demonstrou ser mais receptivo a outras influências, como o hip-hop, trap e R&B — gêneros que já eram populares, mas, a título de comparação, mais nichados do que os mencionados anteriormente. Dito isso, é inegável a influência de KAYTRANADA como produtor, principalmente se olharmos para a ascensão dos artistas racializados e da música negra nesse período. Seu álbum de estreia, 99.9%, é uma mistura eclética de sons, com faixas que vão do house ao R&B alternativo e são amarradas pelos deliciosos grooves de baixo e pelas baterias digitais com toque tropical características do estilo de produção do artista. Se você procura um disco versátil com uma pitada de psicodelia para se perder em noites quentes de verão, este é uma ótima pedida. — Marcelo Henrique

plugins premium WordPress