
Taylor Swift em 13 Músicas
Pode ser excitante conhecer novos artistas, no entanto, essa pode ser tornar uma tarefa difícil quando seu material de interesse já passa dos seis álbuns de estúdios, (quase) incontáveis singles e gravações ao vivo. A falta de um norte do que é realmente bom e essencial dentro da quantidade massiva de obras lançadas e performadas por esses artistas pode transformar uma simples descoberta em uma atividade esmagadoramente difícil. Por isso, nossa série de “13 Músicas” irá resgatar e destacar 13 canções de determinados artistas e cantores, evidenciando qual material é realmente relevante e importante para aqueles que desconhecem.
Para nossa primeira lista, olhamos para o passado de Taylor Swift. No próximo dia 17 de março, Swift voltará aos palcos pela primeira vez desde 2018 com sua The Eras Tour e resolvemos determinar quais são as 13 músicas que definiram não apenas sua carreira, mas sua persona.

"Tim McGraw"
(2006, country)
“He said the way my blue eyes shined / Put those Georgia stars to shame that night / I said, ‘That’s a lie’”. Essas foram as primeiras palavras que o mundo ouviu de uma gravação oficial de Taylor Swift. Na época do lançamento, ela só tinha 16 anos e escreveu essa faixa numa aula de matemática por volta dos 14, uma prática comum para ela que, assim como toda garota adolescente norte-americana branca, tinha seus perpasses com relacionamentos como a maior razão de suas insônias. No entanto, por mais que essa característica possa parecer banalidade, foi o ponto responsável por concretizar o elo entre ela e seus seguidores: ninguém naquela época tinha 16 anos e fazia música para meninas de 16 anos sobre ter 16 anos. “Tenho 17 anos, nunca me casei ou tive um filho, não vou escrever músicas sobre isso. Mas escreverei sobre o que passei”, disse ela em uma entrevista ao Sudzin Country, em 2007. “Tim McGraw”, nesse sentido, não apenas canaliza muito bem esse sentimento. Trabalhando com puxões em uma pedal steal guitar bem distinta no meio country, Swift discorre sobre um breve relacionamento com um garoto que namorava na época do colégio, mas que ela já antecipava e temia o final, quando ele fosse para faculdade. Existe um choro e drama nisso tudo (“September saw a month of tears / And thankin’ God that you weren’t here”), mas o desejo de ser lembrada como alguém na vida das outras pessoas era maior (“When you think Tim McGraw / I hope you think of me”). E ela foi lembrada. — Leonardo Frederico

"Mary’s Song (Oh My My My)"
(2006, country)
De volta aos dias de country do início da carreira de Taylor Swift, “Mary’s Song” sempre foi uma faixa que se destacou em sua discografia pelo seu estilo de composição tão singular entre as outras do seu disco de estreia autointitulado. Essa é uma canção que conta não a história de Taylor ou que se inspira em fatos da grande mídia, mas uma descrição completa da história de como duas pessoas tão simples e desconhecidas como seus vizinhos em Nashville se apaixonaram e viveram juntos até o fim. Nesse sentido, não é difícil relacionar “Mary’s Song” com algo que viera a acontecer quase 15 anos depois: o lançamento de folklore e evermore, dois álbuns que vieram não só para revitalizar a discografia de Swift, mas para provar. para aqueles que duvidavam, que ela ainda tinha o talento de compor. Taylor provou saber escrever muito bem sobre si mesma, mas, aqui e em sua aventura na floresta, ela provou saber escrever muito bem sobre outras pessoas e escutar com atenção antes de qualquer movimento. “Mary’s Song” é cuidadosa, afetiva, instrumentalmente agradável e muito definitiva daquilo que Swift se tornou e por que se tornou. —Kaique Veloso

"You Belong With Me"
(2008, country-pop)
Uma das formas mais ensaísticas e inventivas de pensar “You Belong With Me” é olhar para essa canção como um filme. Imagine isso: você é uma garota de uns 17 anos, secretamente apaixonada por seu vizinho, o capitão do time de futebol americano, porém, ele namora a megera da escola. Olhando para o passado, há uma incontável quantidade de obras cinematográficas que orquestraram-se em cima desse clichê. No entanto, apesar do modelo saturado, a versão de Swift ainda funciona muito bem, e há dois motivos principais para isso: a facilidade de conexão e a especificidade dos detalhes. Enquanto no primeiro, voltamos na questão de Swift conseguir conectar perfeitamente com o seu público, dando para eles o que eles nunca tiveram, mas sempre precisaram; no segundo, observa-se que essa conexão só se torna verdadeiramente concreta pelos detalhes e capricho que Swift coloca em cada linha. “She wears high heels, I wear sneakers / She’s Cheer Captain, and I’m on the bleachers”, Taylor canta, canalizando o sentimento para toda uma geração de garotas brancas que por, muito tempo, tiveram que se contentar comcanções de mulheres mais velhas, falando sobre relacionamentos mais maduros de perspectivas fora de sua bolha. Por fim, o sentimento de paz que essa canção traz é unicamente singular, também. — Leonardo Frederico

"The Story of Us"
(2010, pop-rock)
Em seu terceiro álbum de estúdio, Speak Now, Taylor Swift quis provar de uma vez por todas que seu talento era o único responsável pelo seu sucesso. Isso vem de um lugar no qual muitas pessoas — principalmente homens — duvidaram da sua capacidade de composição, acreditando que, na verdade, quem escrevia suas letras eram as outras pessoas creditadas como co-compositoras. Assim, Speak Now nasceu um álbum escrito inteira e integralmente por Taylor Swift, sem co-autores. A faixa “The Story of Us” vem como uma certa brincadeira com esse fato, já que nela Swift canta como se estivesse narrando a história de um livro — até mesmo com ad-libs que dizem “Next chapter” e “The End” —, no qual a protagonista e seu par romântico sofrem com a impossibilidade de abrir-se um para o outro. Ironicamente ao título do disco, a personagem jamais teve a coragem de falar o que pensava e sentia. Essa é uma história de paixão adolescente que deu errado pela inexperiência de ambos no assunto. A roupagem sonora escolhida para carregar essa mensagem foi uma canção de pop-rock e power pop bastante distinguível na carreira de Taylor, de forma a acompanhar, bem como agregar o sucesso de artistas como Paramore no gênero. No fim, o que importa é como “The Story of Us” representa a audácia de Swift em provar que seus maiores críticos estão errados, sem que sua música se torne vazia de sentido para quem realmente importa: seus fãs. Seria razoavelmente mais fácil simplesmente ignorar os comentários desrespeitosos com seu trabalho ou, então, redigir textos impessoais que provassem a sua habilidade. Contudo, o que Taylor assertivamente fez foi sinalizar o seu talento por meio de composições pessoais, identificáveis e muito divertidas. — Kaique Veloso

"Enchanted"
(2010, country-pop)
Inicialmente, Taylor Swift queria que seu terceiro disco fosse intitulado Enchanted. Mas a lenda é que, embora essa tenha sido o nome do projeto durante toda sua produção, perto do lançamento, o ex-diretor da Big Machine Records conseguiu convencer Swift de que essa era um nome muito fantasioso e que a vida não era mais sobre contos de fadas. No entanto, a canção “Enchanted” prova totalmente o contrário. Da mesma forma — senão mais — que “Love Story” e outras canções de seus dois primeiros álbuns que são fortemente imagéticas, “Enchanted” é uma longa-metragem sobre um romance anacronico. Não é muito dificil imaginar cenas de bailes tediosos da elite e a simplicidade do caminho até em casa no versos, ao passo que os fortes solos de guitarra e catalisação de energia de bateria dos refrões criam borboletas no estomago e shows de fogos de artificio. Mas, mais organico que isso, apenas os desejos de honestidade de Swift: “Please, don’t be in love with someone else / Please, don’t have somebody waiting on you”. — Leonardo Frederico

"I Knew You Were Trouble"
(2012, pop)
Depois de lançar três álbuns country, Swift sentiu que estava ficando estagnada dentro de sua própria carreira. Durante a turnê do álbum Speak Now, de 2010, Swift e seus colaboradores começaram a intuir que suas novas músicas eram apenas releituras de tudo aquilo que já haviam produzido antes. Com isso, Taylor decidiu que estava na hora de misturar seu DNA country com as tendências do momento. Vale ressaltar que o pop no começo da última década era um cenário altamente transmutável, com uma forma dinâmica entre gêneros e movimentos que ainda procuravam uma forma de melhor se encaixar para construir a identidade que perduraria os próximos anos. Com isso, para seu quarto disco, Red, de 2012, Swift trouxe uma ampla gama de novos produtores para seu jogo — incluindo Max Martin e Shellback. Por mais que “I Knew You Trouble” não tenha sido a primeira canção tendenciosamente pop de Swift e nem o lead single de Red, é, com certeza, sua primeira música genuinamente dentro desse gênero. Com sutis dedilhados em riffs de guitarra e bateria que se mesclam com mesas sintéticas, Taylor conduz a canção para uma amálgama entre um pop do passado e um pop moderno, um estilo que resgata solos de baixos com dubsteps característicos da época. Também, diferente de menos, é um dos instantes mais memoráveis da música da última década. — Leonardo Frederico

"Style"
(2014, pop)
Em 2014, Taylor teve um dos anos mais movimentados de sua carreira, mudando-se definitiva e abertamente para Nova Iorque. Com isso, reunindo suas experiências cosmopolitas em uma cidade na qual, segundo ela, “as noites se desenrolam sozinhas” e suas referências do synthpop dos anos 80, Swift concebeu 1989, seu primeiro álbum puramente pop. Foi, dessa forma, que a cantora de “Style” se consolidou na indústria como uma das maiores — senão a maior — artista pop da sua geração. Enquanto outras apostavam no dance pop bem característico do início dos anos 2010, Taylor buscou no passado algo que pudesse trazer atualizado e fresco, inspirando, assim, praticamente a maior parte dos lançamentos pop que vieram em seguida, como EMOTION, de Carly Rae Jepsen. Mais especificamente, em “Style”, Swift confiou a Jack Antonoff seu primeiro single com ela, com uma faixa mesmerizante, desde seus acordes de guitarra tão característicos no começo, até à composição extremamente específica e detalhada de uma paixão que cometeu erros — incluindo um acidente de carro —, mas que combinam e estão sempre na moda. Aqui, Taylor não só expandiu seu catálogo de diversidades sonoras, mas também estabeleceu-se como uma figura quase perfeita de uma jovem americana citadina. — Kaique Veloso

"Look What You Made Me Do"
(2017, pop)
“Look What You Made Me Do” foi responsável por redefinir o significado de comeback na última década: se, até então, o termo referenciava, basicamente, a volta de um artista, Taylor fez isso ser algo muito maior. Grande parte disso vem do contexto: em 2016, Swift passou por toda situação relacionada com a música “Famous”, de Kanye West, que, nesse ponto do compeonato, já está enraizada na mente de qualquer pessoa. Como resposta, a morte de sua antiga personalidade e o lançamento de uma persona mais ousada e trabalhada em sombras foi a resposta para toda situação. “Look What You Made Me Do” nasceu totalmente sintética, com indiretas que estavam mais preocupadas em serem totalmente diretas. Swift já era conhecida por adotar aquilo que era taxado à ela — como assumir a namorada louca e obsessiva em “Blank Space” — mas, nessa nova faixa, ela foi mais além. Embora esse seja um dos seus piores trabalhos, Taylor soube mais do que ninguém usar o que tinha ao seu favor. Nos dias de hoje, quando pensarem em cobras e más reputações, sempre irão pensar nessa Swift, que está no passado, mas que sempre volta uma vez ou outra. — Leonardo Frederico

"Lover"
(2019, pop)
E, quando tudo parecia perdido e sem nada muito promissor no horizonte, “Lover” veio como uma nau imponente que desbrava os territórios mistos do álbum homônimo de 2019. Especialmente naquele ano, Taylor Swift teve um período abarrotado de compromissos porque acreditava que essa era sua última oportunidade de ser bem-sucedida antes que o grande público a julgasse velha demais para ser relevante. Foi, neste sentido, que a cantora lançou seus singles mais descartáveis, provavelmente, de toda a carreira, com a excessivamente doce “ME!” e o vergonhoso, embora cativante, manifesto em prol da comunidade LGBTQIA+, “You Need To Calm Down”. As expectativas para o disco que se seguiria eram as mais ínfimas possíveis, até que “Lover”, uma balada romântica e primeira canção acústica de Swift em 7 anos, chegou até os corações apaixonados. Em apenas 3 minutos e 47 segundos, a declaração de amor, fidelidade e confidencialidade tornou-se um dos mais importantes clássicos definitivos da carreira de Taylor. Diferentemente dos singles anteriores, que buscavam ser demasiadamente infecciosos em vista de atingir o maior público possível, “Lover” foi um texto íntimo, pessoal e encantador que ganhou vida com a produção de Jack Antonoff, o qual mostrou-se ser capaz de afastar-se da sua zona de conforto e construir aquilo que seria melhor para a música. Com tom personalíssimo e vulnerabilidade de uma cantora-compositora nata, Swift não poderia trazer essa peça de outra forma que não remontando ao seu passado country, no qual, durante tantos anos, retratou todo seu sofrimento e suas desilusões amorosas. Se em “White Horse”, de Fearless, Taylor estava totalmente desacreditada do amor, adquirindo até mesmo uma perspectiva feminista sobre a vida quando rejeita os contos de fadas e os príncipes encantados em cavalos brancos; agora, em sua canção de 2019, ela pôde se contradizer e finalmente anunciar que está apaixonada. Em entrevista à Vogue Britânica, a dona de Lover contou que entre suas linhas preferidas está a que diz: “With every guitar string scar on my hand / I take this magnetic force of a man to be my lover”. Os calos adquiridos compondo suas músicas sobre términos foram os mesmos que tocaram a melodia do seu relacionamento mais longevo. Por fim, no último verso, ela canta “Darling, you’re my, my, my, my Lover” enfatizando a mesma repetição de palavras que dá nome à sua canção de seu álbum de estreia, na qual Taylor, ainda adolescente, relata a história de amor perfeita de seus vizinhos. Soa certo que essa coincidência fora, na verdade, bastante intencional: Taylor Swift vive agora a sua história de amor perfeita. — Kaique Veloso

"august"
(2020, alternativo)
Nos seus dezesseis anos de carreira, Swift lançou inúmeras canções sobre verão. Sendo algumas delas sobre a saudade de um amor passageiro verdadeiro ou uma história ficticia dos anos 1940, nenhuma dessas bateu tão forte quanto “august”. Essa faz parte da trilogia de folklore, lançado em 2020, na qual uma dinâmica amorosa de traição dentro de um triângulo amoroso dolorosamente destina-se ao fracasso. No entanto, a narrativa em “august” vai mais embaixo: contando a da perspectiva de Augustine, a canção retrata as brisas do verão de quando ela e James tiveram um breve caso. Se antes, Swift estava na posição de um garota que tinha perdido seu amor passageiro por uma viagem para faculdade ou volta de férias, Augustine perde tudo que sempre quis porque era, simplesmente, seu destino, independente do que ela fizesse — “Remember when I pulled up and said, ‘Get in the car’ / And then canceled my plans just in case you’d call?”. O sentimento que fica, no entanto, é que essa é uma daquelas canções para todos aqueles que nunca esqueceram e nunca vão esquecer um amor que nunca vai existir e viver pelo o que ele poderia ter sido e não pelo que ele realmente foi. — Leonardo Frederico

"All Too Well"
(2012/2021, pop)
“All Too Well” é a única música nessa lista que não precisa de apresentação. Escrita em conjunto com Liz Rose, em um trabalho que começou durante uma sessão acústica e freestyle durante os ensaios da Speak Now Tour, mas que se estendeu durante oito meses em um processo de podar, essa canção é tudo como a magnum opus da carreira de Taylor. Seja na versão original, seja na de 10 minutos, a canção é capaz de canalizar todo o processo de um término de relacionamento, desde os primeiros passos sem jeito até os instantes que toma conta de tudo que aquela pessoa levou de você quando vocês terminaram. Com um jogada de perspectiva que molda a forma pela qual Swift agiu durante todo esse período — se na versão de cinco minutos não havia um claro vilão, na versão estendida fica óbvio o antagonista da história —, ela é capaz de entregar uma canção de término universal, que é singularmente pessoal, mas que também abraça qualquer um que esteja sofrendo por um coração partido — seja lá qual for o motivo. “All Too Well” é, também, uma das poucas canções de Swift que conta com diversas versões, ou tocada por outros produtores ou acústicas, mas em todos esses casos sua essência é presente porque não é mais sobre a forma pela qual ela conta sua história, mas sim o fato de ser sua história e memória. Amplamente falando, é a canção mais completa de Swift, em todos os sentidos da palavra. — Leonardo Frederico

"Forever Winter (Taylor’s Version) (From The Vault)"
(2021, country)
O ponto mais marcante da regravação de Red, de 2012, com certeza são suas peças inéditas liberadas do chamado “cofre” de Swift. Entre elas, “Forever Winter” contrasta uma de suas letras mais intensas, com uma melodia e uma produção engrandecedora e alegre. Isso, aliás, pode ser um motivo de confusão: sem prestar atenção no que Taylor diz, as pessoas podem achar que esta seja um canção boba sobre relacionamento. Nada que ver com isso. “Forever Winter ” conta um pouco sobre a relação da cantora com um de seus melhores amigos do ensino médio, o qual, infelizmente, veio a falecer, muito provavelmente em decorrência de seus graves problemas de saúde mental. Nela, é possível notar como Taylor é apegada aos seus colegas mais antigos e como ela deseja que pudesse mudar o passado, sobretudo, para ajudar seu amigo a enfrentar seus problemas pessoais — sobre os quais ela nem tinha conhecimento. Em uma visão mais específica, a canção de Red (Taylor’s Version) tem um tom confessional e personalíssimo, mostrando vulnerabilidade e arrependimentos. No plano geral, esse é um trabalho que mostra um lado humano de Swift, que, às vezes, é ofuscado pelas suas táticas de jogo e dramas da indústria. Antes de ícone contemporâneo, Taylor Swift foi uma adolescente como qualquer outra e que, embora tenha atingido, com árduo esforço, sua atual magnitude de influência, sofreu efeito de uma grande amplitude emocional: os altos e os devastadores baixos da vida humana. — Kaique Veloso

"Mastermind"
(2022, pop)
Após todo o drama que rodeou quase a maior parte de sua vida, Taylor ficou “cascuda”, treinada a reconhecer perigos e a viver de forma extremamente bem calculada e pré-determinada. Em “Mastermind”, Swift deixa isso bem claro. Na canção escolhida para encerrar a versão padrão de seu décimo álbum de estúdio, o colossal Midnights, ela conta como o seu atual relacionamento não passa de um plano arquitetado para que desse certo, e o seguimento dessa relação aconteceu de forma minuciosamente previsível como dominós caindo em fila. Mais profundamente, a cantora ainda se autonomeia uma maquiavélica enigmática que, devido a sua infância sem amigos, precisou aprender a ter controle de tudo para fazê-los a amarem, e isso parecer sem esforço. “Mastermind” é, não só, um corte, embora discreto, significativo de Midnights — na medida em que se alicerça na produção característica de Antonoff para trabalhos como “Supercut”, de Lorde —, mas também uma demonstração acachapante das composições de Swift. Quando, no final, ela revela ao seu parceiro que tudo aquilo não passou de sua estratégia, ele ri. Ele sempre soube de tudo, e isso por um motivo único e simples: ele não a viu, ele a enxergou desde o primeiro momento. Taylor pôde, a partir dali, abster-se do controle de algo sem que isso lhe custasse sua carreira, sua reputação e sua “real fucking legacy”. — Kaique Veloso