SOUNDX

Las Mujeres Ya No Lloran

2024 •

,Sony

6.0
O novo álbum de Shakira soa como uma playlist de suas músicas mais esquecíveis.
Shakira Las Mujeres Ya No Lloran

Las Mujeres Ya No Lloran

2024 •

,Sony

6.0
O novo álbum de Shakira soa como uma playlist de suas músicas mais esquecíveis.
02/04/2024

No final da década de 90 e os anos 2000, Shakira construiu uma carreira que a consolidou como uma das principais divas pop daquela época. Seu principal diferencial era que, em meio a muitas artistas norte-americanas e europeias, Shakira se tornou uma das poucas latino-americanas que conseguiu se destacar nesse meio. De fato, sua obra era merecedora desse prestígio. ¿Dónde Están los Ladrones? e Fijación Oral continham algumas das músicas pop mainstream mais criativas daquele período e, dentro do cenário da música popular latina, até os dias atuais estão entre os melhores discos de latin-pop de todos os tempos.

Shakira conseguiu manter um nome forte na indústria fonográfica por décadas, até hoje conseguindo emplacar diversos sucessos, a exemplo de que ano passado ela foi dona de um dos maiores hits: sua sessão com Bizarrap. Embora comercialmente ela tenha se mantido estável mesmo após 30 anos atuando como artista musical, a colombiana entrou em uma zona de conforto grande depois de Sale El Sol, de 2010, que causou com que sua discografia se tornasse desinteressante. O primeiro álbum que apresentou isso foi seu autointitulado de 2014. Embora tivesse momentos divertidos, no geral, ele a mostrava num som pop rock que fez presença em seus trabalhos anteriores, além de também explorar algumas outras sonoridades pop, como o country-pop em “Medicine” e o electropop de “Dare (La La La)”, ambas de maneira genérica. Já El Dorado tentava utilizar do reggaeton mas falhava por soar extremamente básico em sua proposta.

O novo disco de Shakira, Las Mujeres Ya No Lloran, parece manter o mesmo erro de seus antecessores. Apesar disso, ele ainda dispõe de faixas divertidas. “Punteria” pode ser um dance-pop bastante básico, porém sua mistura de nu-disco com electro house consegue ser cativante. “La Fuerte”, da mesma forma, apesar de genérica, tem êxito ao ser um slap house envolvente, com as melodias irresistíveis do refrão e os graves potentes do synth-baixo. Já “Tempo Sin Vierte” busca trazer o pop rock presente em seus melhores trabalhos. Embora chegue longe de entregar resultados tão excelentes igual já proporcionado anteriormente na carreira da colombiana, vejo essa como uma boa tentativa de reaver esse som. “(Entre Paréntesis)” apresenta excelência em explorar ritmos latinos mais tradicionais, sendo a melhor canção do projeto.

No entanto, em meio a alguns momentos muito divertidos, há várias músicas que erram por, além de genéricas, não terem nenhum atributo que deem a elas caráter cativante. “Última” é uma balada pop apática, enquanto “Nassau” se aventura no afrobeats de maneira indigesta. Já “Cómo, Dónde y Cuándo” traz um pop rock com instrumentação potente, apesar disso, Shakira não consegue se ajustar muito bem nessa sonoridade, além de ser uma tentativa bem genérica de utilizar do power pop.

Ademais, ao final do disco surge uma sequência que compõe metade do registro de músicas lançadas inicialmente avulsas por Shakira durante os últimos 2 anos que pouco tem correlação entre elas. Isso é um problema, já que além de causar com que o álbum fique pouco coeso, a maior parte dessas faixas são bem desinteressantes. No geral, escutar essa obra traz uma experiência similar a tocar a playlist This Is Shakira do Spotify no aleatório, porém, ao invés de ouvir as peças mais essenciais de sua carreira, o ouvinte é convidado a apreciar as músicas mais genéricas e sem alma da cantora que pouco mostram o quão boa de fato ela já foi no passado. 

Esse e qualquer outro texto publicado em nosso site tem os direitos autorais reservados. 

FIQUE ATUALIZADO COM NOSSAS PUBLICAções

Assine nossa newsletter e receba nossas novas publicações em seu e-mail.

MAIS DE

plugins premium WordPress