Assim como qualquer admirador da artista, a notícia de que Mitski viria a se aposentar caiu como uma bomba no colo de todos. Com poucos álbuns lançados e um sucesso atingido nas plataformas digitais e redes sociais, parecia errado que ela fosse desistir de sua carreira. Acontece que ela não desistiu.
De um jeito muito caótico, Mitski anunciou o álbum com um vídeo privado em seu canal do Youtube, no qual falava sobre um novo single. Assim que lançado, já tivemos a capa, o nome do disco e sua data de lançamento. O fim de sua suposta aposentadoria foi confirmado pela cantora em uma carta aberta em suas redes sociais. The Land Is Inhospitable and So Are We é um álbum que passeia por tudo que Mitski já fez em sua carreira, enquanto dá um toque fresco para a mesma.
Sendo descrito pela própria cantora como o “disco mais americano” que ela já fez, encontramos um projeto country com elementos do rock, do folk e leves toques de música eletrônica, o que dá um tom bem minimalista para o álbum. Dessa forma, o projeto se torna um show de interpretação musical, carregando elementos de melancolia e tristeza em suas letras e acordes, algo que relembra os primeiros álbuns da artista.
O mais interessante é a forma como ela aborda os relacionamentos aqui. Muito bem divididas entre amizade e amor romântico, as músicas conseguem ser identificáveis para qualquer ouvinte que já perdeu alguém, seja pela morte ou pelo fim de um relacionamento. Vemos a relação entre o vício e as pessoas que convivem com alguém assim em “Bug Like an Angel”, o primeiro single. Também há o conflito entre a fama, o desejo de fazer arte e o rápido descarte dos artistas em “Buffalo Replaced”. Já em canções como “Heaven” e “I’m Your Man”, vemos a cantora implorando enquanto não se arrepende pelas coisas ditas e feitas. Afinal, o disco é sobre isso. Temos uma Mitski sem arrependimentos, completamente aberta para novas experiências, mas sem esquecer as do passado. Seguir em frente é necessário; mesmo que não haja mais alguém do seu lado, a vida precisa continuar. Como todos os seus discos, é uma mensagem de Mitski para ela mesma, e calhou de nós, ouvintes, nos identificarmos totalmente com isso.
Mitski sabe o que seu público quer ouvir e consegue fornecer isso de forma simples, porém feita com esmero. Daqui pra frente, resta saber o que teremos dela como artista e como pessoa, pois esse trabalho parece ser o fim de um ciclo. Dessa vez, não para se aposentar e deixar de fazer música, mas sim para algo mais grandioso ou até mesmo para um frenesi criativo, novamente mostrando que Mitski é uma artista de mão cheia.