Quatro anos após iniciar a era de sucesso arrebatador do Future Nostalgia — um dos maiores álbuns pop dessa década até então —, Dua Lipa está de volta com o carro-chefe de seu terceiro disco. Trata-se de “Houdini”, canção produzida por Kevin Parker (Tame Impala) e que não representa uma ruptura completa do que vinha sendo feito por ela anteriormente, mas sugere que um caminho promissor pode estar prestes a ser trilhado.
Fazendo alusão ao ilusionista de mesmo nome, tanto no título da faixa, quanto no refrão, Dua surge confiante ao incorporar, ao pop psicodélico de Tame Impala, a efervescência nostálgica que se tornou sua principal assinatura depois da sequência de hits emplacados por ela de 2019 para cá. Basicamente, o novo single soa como se “The Less I Know The Better” e “Don’t Start Now” tivessem um filho.
E essa fusão entre os dois universos se mostra acertada ao entregar mais um pop competente para as pistas de dança. Ademais, também funciona como uma transição entre o Future Nostalgia e o próximo registro da cantora, que deve ser lançado em 2024. Não abre mão de sua sonoridade irreverente, que passeia pelas décadas de 1970 e 1980, e adiciona a psicodelia que, segundo ela, fará parte do material.
Por ora, é precipitado afirmar que “Houdini” se parece com um clássico instantâneo como “Don’t Start Now” ou “Levitating”. Também é cedo para cravar que a faixa deve se tornar o maior sucesso da carreira da artista. No entanto, trata-se de uma movimentação aparentemente genuína, expressando uma mudança sutil, porém perceptível, em relação ao seu trabalho antecessor; a cantora não se manteve em uma zona de conforto, tampouco ressurgiu irreconhecível.