Nos últimos tempos, Kim Petras tem provado cada vez mais, a sua capacidade de lançar álbuns e singles soltos rapidamente, fazendo um lançamento quase todo semestre. Dessa vez, com a versão álbum do EP Slut Pop, vemos que a artista realmente prioriza a quantidade.  falo de quantidade, me refiro aos lançamentos, não sobre as faixas inclusas no álbum, muito menos do seu tempo de duração — são 14 faixas, com 25 minutos. No entanto, se isso já não é um sinal do que está por vir, a tracklist faz o trabalho.

 Faixas como “Whale Cock” e “Cubana” dão a entender que o projeto não é sério e suas canções não tem outro propósito, senão divertir enquanto tira o tabu de assuntos sexuais. Mas, a realidade é que o álbum não atingiu seu objetivo. Há momentos divertidos, como a primeira faixa, que abre o álbum muito bem, e até nos deixa curioso, da mesma forma que o EP Slut Pop faz. Entretanto, logo percebemos que não passa de algo passageiro. As músicas parecem iniciar da mesma forma, o que torna o álbum desagradável. Apesar das comparações feitas com Ayesha Erotica — artista pop que também é conhecida por seus trabalhos explícitos — fica claro que Kim não tentou aperfeiçoar sua habilidade nesse estilo mais sexual. Enquanto Ayesha traz uma caixa de referências completamente explícitas e escrachadas, Kim faz o inverso. É simplório, e ainda não consegue ser tão “suja” quanto Erotica. 

Existe mais um fator que separa ambas: a produção. Mesmo com o toque de Dr. Luke — um produtor polêmico e famoso por suas produções na música pop — em Slut Pop Miami, o álbum sofre pelo uso de batidas extremamente parecidas, que tentam fazer algo que tocaria no jogo Grand Theft Auto: Vice City, porém não conseguem nem chegar perto da atmosfera mística da Miami oitentista, mas divertem em momentos específicos. Na contramão, Ayesha é mais natural; suas produções são recheadas de originalidade, utilizando de gemidos, adlibs e filtros vocais que dão um tom “patricinha” para a sua obra, criando um estilo próprio que é viral em plataformas digitais como o TikTok, por exemplo.

Slut Pop Miami é cheio de canções sem graça, com referências rasas de cultura pop e repetições líricas banais, que não instigam curiosidade. Se uma faixa com o nome de “Rim Job”, falha em explicar o que é o ato, além de não ser interessante musicalmente, para que ela serve? E quando analisamos a obra num contexto geral, essa definição cai como uma luva: é uma coleção de músicas com batidas repetitivas, que não saem do lugar e, principalmente, não acrescentam em nada na carreira de Kim Petras, que mesmo após ganhar um Grammy, não consegue levar sua carreira ao próximo nível musical, já que o talento sempre esteve ali.