Após um longo período distante dos estúdios e focando apenas na sua minimalista e tão adiada vida pessoal, Britney Spears aceita convite de Elton John para juntos criarem um hino de libertação e respeito pessoal. “Hold Me Closer” é, além de aceitar o passado conturbado e, muitas vezes, traumático, respeitar sua própria história, em uma dança emotiva consigo mesmo, para enfrentar o presente interferido pelo passado.

Logo no início, é fácil perceber do que a música se trata. É impossível que o ouvinte não anexe a canção à Britney Spears, devido aos recentes acontecimentos. Após uma carreira perturbada, Spears comoveu o mundo com sua história, causando um dos maiores movimentos libertários da nossa época. Foi possível ler estampado no mundo todo o Free Britney, no qual fãs e simpatizantes manifestaram a favor da cantora que lutava na Justiça para ter sua independência financeira, até então controlada por seu pai, Jamie Spears.

Ademais, outras situações vivenciadas pela princesa do pop sensibilizaram o público, tais como o estresse judicial para ter a guarda dos filhos, a falta de liberdade e o início precoce na carreira profissional, impedindo seu desenvolvimento infantil saudável. Hoje, um pouco mais longe dos holofotes e dos estúdios de gravação, Britney recebe ainda mais amor de seus seguidores pelas redes sociais, onde mostra uma realidade mais excêntrica e verdadeira. Seus vídeos pintando quadros, fazendo danças nada sincronizadas e sem aquela preocupação exagerada com o corpo demonstram uma criança que não pôde ter a infância aproveitada. 

E, “Hold Me Closer” explora exatamente esse sentimento. Elton John, de maneira respeitosa e muito, mas muito carinhosa, convida Britney para uma colaboração que simboliza, já no título, um longo e amoroso abraço. É importante mencionar que as emoções são transmitidas já no conteúdo lírico, em que a própria Spears canta sobre abraçar-se no passado, nos versos “Hold me closer, tiny dancer / count the headlights on the highway”. É aquele libertário sentimento de perdoar-se, devido ao erro que cometemos em nos culpar por situações ocorridas durante nossa infância. 

Além de bela, a canção é emocionante e divertida. O dance pop, já apresentado por John, atinge a maestria. Utilizando baixo, sintetizadores e, até mesmo violinos, a produção transmite todas emoções descritas nos versos em um lindo pacto entre o conteúdo lírico e o instrumental. É uma valsa — porém mais agitada —, entre esses dois elementos musicais tão bem aproveitados nessa ocasião.