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Quem Me Conhece Sabe

2022 •

INDEPENDENTE

1.0
O disco de estreia de Blogueirinha é muito, muito, muito ruim.
Blogueirinha - Quem Me Conhece Sabe

Quem Me Conhece Sabe

2022 •

INDEPENDENTE

1.0
O disco de estreia de Blogueirinha é muito, muito, muito ruim.
19/01/2022

Você se lembra do YouTube no começo da última década? Daquela época, muito antes das banheiras de Nutella, dos carros chiques, dos vídeos que glamourizam traições e da presença unânime de mulheres em roupas de banho? Depois de 2014, a plataforma de vídeo ascendeu em uma curva crescente, ao passo que a qualidade dos conteúdos se tornava cada vez mais questionável. Com a popularização de celulares e internet, o material ficou mais fácil de ser produzido e consumido, em grande parte, pelo fato de um público cada vez mais jovem ser o espectador principal. Mas, antes dessa “Era de Ouro” do YouTube Brasil, ainda quando as pessoas utilizavam seus computadores de mesa como meio de acessar a internet, havia um fenômeno diferente: as paródias. Por volta de 2012, esses vídeos, que imitavam canções com intuito de transformá-las em piadas, mas com a ciência de também serem ruins, eram um grande destaque, com letras cativantes, porém, simultaneamente, ácidas críticas. 

Embarcando em uma ideia semelhante, o disco de estreia, Quem Me Conhece Sabe, da personalidade brasileira criada por Bruno Matos é muito, muito, muito ruim. Inspirando-se no visual apresentado por Olivia Rodrigo em seu álbum do ano passado, SOUR, Blogueirinha entrega um projeto que tenta seguir o que as paródias de 10 anos atrás fizeram: canções curtas, com vocais terrivelmente catastróficos, letras patéticas, mas que, na teoria, seriam, no mínimo, memoráveis. No entanto, o resultado é um conjunto de dez faixas irritantes que, às vezes, te fazem rir, mas não pelo motivo certo. É um registro que se mantém entre duas faces: um trabalho péssimo com conhecimento disso e que é assim propositalmente, ou um grupo de músicas ruins que tentam se levar a sério por alguma lente.

Desde o começo, era claro que o disco: ou não seria bom, ou não seria algo para se levar a sério. De certa forma, ele acabou sendo os dois ao mesmo tempo. Enquanto algumas faixas têm o intuito de serem ruins, outras nem tanto. É um desbalanço responsável pelo teor duvidoso do disco. No primeiro caso, canções como “Cavalona”, “Homem Feio Também Trai” e “Respeite o Frango” são claramente cientes de sua fatalidade sonora. Porém, muito diferentes das paródias mencionadas no início do texto, essas faixas não são memoráveis e muito menos cativantes. Fora “Tomara Que Termine”, que parece uma mistura de “Girlfriend”, de Avril Lavigne, com Olivia Rodrigo, grande parte das canções só são vergonhosas e não conseguem conectar de forma alguma com o ouvinte — principalmente “Eu Sei Que Você Quer”. 

No entanto, se, por um lado, essas canções são ruins e tem ciência disso — o que não as torna, necessariamente, mais suportáveis —, por outro, Quem Me Conhece Sabe apresenta faixas que contradizem com esse teor cômico e soam como, simplesmente, canções sérias que resultaram em algo terrivelmente ruim. Um ótimo exemplo disso é a abertura, “Zug Zug”, que, apesar de não contar com os vocais horríveis da cantora, é composta por uma repetição cansativa. Entretanto, se considerarmos toda parte sonora que tenta não criar algo ruim e músicas como “Bum Bum Tam Tam”, de MC Fioti, que também é, basicamente, a frase do título em loop, você consegue ver essa faixa como uma tentativa honesta que fracassou miseravelmente. Da mesma forma, “Desculpas Veganas” e “Lookinho da Zara” não soam como piadas, mas apenas canções muito ruins. Com sorte, você vai achar algo que te fará rir aqui. 

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