Após praticamente 4 anos do seu último projeto, o incrível Little Electric Chicken Heart, Ana Frango Elétrico lança uma nova faixa cheia de gingado e muito bem produzida. Essa canção abre os trabalhos para o seu terceiro disco, intitulado Me chama de gato que eu sou sua – que será lançado no dia 20 de outubro de 2023.
Sendo uma artista muito comparada com outros nomes da cena, como a banda Bala Desejo e o cantor Tim Bernardes, Ana se destaca pelo que há de mais rico em suas obras: a autenticidade. Além disso, suas canções são de difícil compreensão, muitas vezes, prendendo para o lado da poesia concreta, muito usada por ícones brasileiros, como Arnaldo Antunes e Caetano Veloso.
Nesse aqui, não é diferente. A canção acompanha Elétrico na busca de uma pessoa que esteve perdida pela noite, se aninhar nela e sentir tudo ao mesmo tempo: o cheiro do cigarro, sentimentos amorosos e a confusão de um relacionamento que está florescendo. Tudo isso embalado por metais encorpados, um solo incrível de baixo e um som diretamente dos anos 70, que Elétrico parece conhecer como a palma da mão. Ao mesmo tempo, que traz uma mixagem que lembra algo mais oitentista, conversando com a tal “Vanguarda Paulista”, movimento que perdurou nos anos 70 e 80 e no qual se inspira diretamente, como se tivesse vivido tudo isso. É uma faixa muito bem construída, com várias camadas, e isso a coloca como um dos destaques da sua carreira. Infelizmente, acho que seria muito mais interessante ouvi-la em português, já que é nesse idioma que Ana brilha com suas letras interessantes, inventivas e visuais.
Se o disco vai ser mesmo tão anos 70, não existe faixa melhor para apresentá-lo para o público. Desde como Ana o descreve até as referências que tivemos acesso até agora, esse disco é o que definitivamente vai firmar Ana Frango Elétrico como um dos nomes mais interessantes da nova MPB, e “Electric Fish” é apenas o começo.